sábado, 3 de outubro de 2015

TEXTO - "Os sujeitos das escolas e a complexidade de seus fazeressaberes: fragmentos das redes tecidas em pesquisas com o cotidiano" de Carlos Eduardo Ferraço

O texto lido nos traz a complexidade da educação e a visão das redes de fazeressaberes, colocando os praticantes dessas redes em posição tão importante quanto os teóricos que dela falam ou podem contribuir para tal. O autor denomina como autores sujeitos anônimos do cotidiano esses atores da educação, o que não se restringe aos educadores, educandos ou participantes diretos do cotidiano da escola, mas se estende a todos aqueles que de algum modo influenciam nas práticas realizadas nos espaços escolares – neste caso, escolas públicas.
Primeiramente, o autor nos traz as contribuições teóricas que podem nortear a pesquisa em questão e que tentam entender – visto que para o autor explicar é reduzir a complexidade à lógica e ao limite de quem explica – o significado das “performances, negociações, traduções e mímicas” (grifos do autor) produzidas nos cotidianos.
Para o autor:

[...] De fato, estamos defendendo que somente com o cotidiano (Ferraço, 2003) das instituições educacionais é possível encontrar indícios (Ginsburg,1989) que nos ajudem a sustentar a ideia de complexidade da educação, nos permitindo questionar se existe algo objetivo que possa ser chamado de currículo ou formação continuada.

e, acredito que essa ideia se aplica diretamente ao modelo que desenvolvemos no grupo de pesquisa ConPAS, já que nos encontros oferecidos pelo grupo – tanto em Itatiaia, quanto no CAP para cursistxs ou bolsistas – o que pretende-se é compartilhar com os autores do cotidiano para que através da troca entre seus saberesfazeres se construam novas redes de conhecimento sem tentar resolver problemas pontuais, ou individuas de cada instituição. Procura-se demonstrar que a educação é complexa e não há “fórmula mágica” para se resolver seus problemas, mas que através do compartilhamento de experiências podemos refletir sobre nossas próprias práticas e reformulá-las.
Sobre citar, o autor nos demonstra que esse recurso produz mais credibilidade ao que se está sendo dito, corrobora na prática – com os autores do cotidiano – ou na teoria os itens problematizados na pesquisa em questão.
O que me chama atenção ao observar os relatos de discentes e docentes é o fato de nos identificarmos ou recusarmos certas atitudes, comportamentos ou pensamentos dentre os mencionados. Como o autor bem destaca “trazer a cena dos debates esses fragmentos não [é] com intenção de qualificá-los, mas com o objetivo de problematizá-los em meio a nossa discussão de currículo e formação continuada.” E, pensando currículo através dos fragmentos elencados no texto, percebemos que a discussão sobre o tema é inesgotável e controversa, visto que cada indivíduo tem o olhar sobre o seu saberfazer e está pondo no centro a sua experiência cotidiana.
Apesar de complexo, o texto lido acrescenta-me a ideia de todo e individual. Isto é, muitas vezes como pesquisadores temos que pôr de lado o individual para entender o todo e, em outras tantas vezes, precisamos observar com uma lupa o que é singular naquele relato para melhor entender o que está para além dele.

De fato, interagir com a complexidade do cotidiano escolar, mergulhar em suas redes, partilhar do miudinho dos fazeressaberes dos sujeitos que lá estão nos leva a assumir a dimensão inesgotável da complexidade da educação, e por consequência, assumir a nossa impossibilidade, o nosso limite em buscar assegurar obediência a sentidos preestabelecidos [...]
[...]
Nesse sentido, as redes de fazeressaberes dos sujeitos de nossas pesquisas nos têm ajudado a inferir que, por mais idealistas e utópicos que possamos ser, por mais que acreditemos em um futuro promissor para a educação não há qualquer possibilidade de uma projeção consensual, de um ideal comum a ser alcançado com a mesma intensidade e vontade por todos. As redes tecidas pelos sujeitos se desdobram em múltiplas direções, entrelaçando diferentes interesses, expectativas, desejos e necessidades. Assim, o final feliz para a educação, por vezes propagados em discursos e textos, fica em suspense.


Aproprio-me das palavras acima para encerrar a reflexão a cerca do texto, prefiro citá-las, pois resumem exatamente o que sinto neste ponto de minha (eterna) formação: os atores da educação são indivíduos heterogêneos e com pontos de vista diversos sobre o mesmo tema e, talvez, “final feliz” não seja o caminho correto, mas problematizar como e porquê necessitamos dele seja o inicio de uma mudança que integre os autores do cotidiano ao pensamento sobre currículos e formação inicial e continuada.
Resenhado por Thais Lima

sexta-feira, 2 de outubro de 2015

TEXTO - "A crise na Educação" - de Hannah Arendt

TEXTO - "Os sujeitos das escolas e a complexidade de seus fazeressaberes: fragmentos das redes tecidas em pesquisas com o cotidiano" de Carlos Eduardo Ferraço

Itatiaia - Relato de Izabela Borges - 25/09/2015

Curso Conversas: "Trabalho e formação docente" com Profª Renata Flores (CAp UFRJ)

     “Educadores são os pais.” Essa foi a afirmação que mais me indignou no vídeo que assistimos, para provocação proposital, e é o que estimula este texto, pois em outras situações ele, talvez, tivesse uma conotação diferente. Não vejo diferença entre o educador e o professor, para mim os verdadeiros professores são aqueles que educam como a filhos, pois querem provocar a transformação do seu aluno, vê-lo evoluir – se é que posso usar a palavra evolução com todas as conotações que ela pode ter.
      Nosso encontroo do Curso Conversas desta semana foi sobre trabalho e formação docente e desde o texto de apoio, bem provocador, aos vídeos que assistimos em aula podemos observar a grande relação que o professor tem com a sociedade. Como o pensamento hegemônico “despretensioso” – entre muitas aspas – quer colocar sobre o professor a causa ou a solução de todos os males do mundo – sem exageros.
    “Professor não é profissão, é missão, dom...” são frases que a princípio podem ser interpretadas como engrandecedoras, mas estão calcadas por um tom preconceituoso e desvalorizador que se perpetua a cerca da Educação Básica. Vejo muito esse discurso ser fomentado dentro da academia quando o universitário – que não seja de pedagogia – quer pesquisar ou desenvolver trabalhos que tenham como foco a Educação Básica. Licenciandos impedidos de pesquisar sobre temas que lhe instigam porque não têm por quem serem orientados.
      Mas, o que me conforta é que fomos incitados neste encontro a não assistir falas como a do início deste texto – ou do parágrafo anterior – e não saber o que responder. Não! Precisamos estudar mais, nos capacitar mais e bater de frente com aqueles que querem nos impedir de sermos educadores, transformadores da realidade, de fazer a diferença, de sermos professores acima de tudo como o maior título que possamos conquistar. Infelizmente, a sociedade não percebe o quanto o investimento na educação básica poderia transformar muito a nossa realidade social, pois investir na base de uma pirâmide é fortificá-la para sempre crescer. Entretanto, o que vemos atualmente é o topo da pirâmide pensando nele e esquecendo-se de fortalecer a base e isso pode ruir com toda a construção.
    Outro erro comum em nossa fala é querer separar a prática da teoria ou valorizar uma em detrimento da outra. Teoriapraticateoria, não há como separar. Uma adentra e nos faz repensar a outra. A teoria é muito importante para embasar nossas práticas diárias e com elas refletirmos a respeito do que vivenciamos no cotidiano e com o acumulo de prática podemos rever, transformar e modificar as teorias utilizadas como base e, por que não, construir uma pesquisa que revele uma nova teoria para auxiliar nas práticas cotidianas de nossos pares.
Infelizmente a ascensão oferecida a um professor, principalmente do Ensino Básico, é retirá-lo das salas de aula, é afastar o profissional daquilo que ele é especialista em fazer. Por estes e outros motivos devemos estar bem embasados sobre nossas práticas e dominando as teorias existentes, para podermos questionar governos e secretarias a cerca do que querem impor aos educadores. Educadores sim! E é loucura para quem não entende, mas quem é professor, verdadeiramente, luta por melhores condições de trabalho para todos e não escolheu esta carreira como última opção, escolheu por ser a melhor opção.

Profª Renta Flores - CAp UFRJ