Itatiaia, Penedo. É nesta cidade que realiza-se o ConPAS
fora das paredes da academia, na verdade acredito que esta é a parte mais
importante da formação de professores: o fora da academia. E estamos no nosso
terceiro encontro com os professorxs de quarto e quinto anos da Rede pública de
ensino.
O encontro mudou de lugar, agora estamos numa escola em que
podemos fazer a arrumação das cadeiras de maneira mais livre, neste encontro
ficamos em círculo para uma melhor interação entre todos os participantes. A
representante da secretaria de educação estava presente tanto nos encontros da
manhã quanto da tarde, mas foi bem participativa e acrescentou relatos
importantes do seu ponto de vista. Acredito que ela está ali muito mais como
participante do que como instrumento de poder.
“Hoje” a Graça falou sobre projetos. E é um privilégio fazer
parte da formação de professorxs quando está se estudando para ser uma, assim
como os cursistas acredito ser altamente produtivo para nós, bolsistas, o
acompanhamento dos encontros. Mesmo filmando e me preocupando mais em registrar
os momentos do que em perceber o que de verdade e inovação há em cada relato,
consigo entender e sentir o amor de cada professor pelos seus alunos, sair das
paredes do que conhecemos como realidade é muito importante para o crescimento
profissional.
No encontro posterior a esse a professora convidada, Lúcia
Fernanda, trouxe para o grupo a realidade da contação de histórias integrada as
aulas e propôs aos docentes que realizassem atividades com suas turmas e a
trouxessem no próximo encontro, no caso este, para partilhar com o grupo. Nos
dois encontros, manhã e tarde, vimos que muitos abraçaram a proposta e a
fizeram com seus alunos.
No encontro da manhã, tivemos dois relatos que me chamaram mais
atenção. Uma dupla de professoras refez a caixa de sombras com seus alunos e
deixaram que eles recontassem a história através das sombras, assim eles se
depararam com conteúdos muito importantes como trabalho em grupo, divisão de
tarefas, respeito ao próximo – pois cada um deveria falar na sua vez. Outro
grupo, de quatro professoras, trabalhou um conto da África e explorou questões
raciais, mas não só, trabalhou que a África é muito além do que o senso comum
entende, o conto também explorava questões ambientais como a falta d’agua e
isto foi explorado com os alunos, ou seja, entendemos que a partir de um texto
podemos percorrer vários temas.
À tarde, tivemos relatos também interessantes. Uma das
professoras também refez a caixa de sombras com seus alunos com a participação
dos mesmos, outra transformou a ideia em uma caixa cenário e explorou um conto
japonês, inserindo em sua aula culturas diversas. Entretanto, o relato que mais
me chamou a atenção, apesar de simples, foi a de uma professora que está lendo
com seus alunos As Crônicas de Nárnia,
um livro teoricamente para adultos, mas isso não impediu que ela trabalhasse as
histórias, comparassem com os filmes, utilizasse para enriquecer o vocabulário
de seus alunos devido à quantidade de palavras que eles não estão acostumados a
encontrar.
Finalizo este relato, rememorando as situações vividas nesta
experiência gratificante e espero poder retornar a ver esse professorxs que nos
revelam que acreditam em seus alunos e estão dispostos a contribuir para a
transformação da realidade de cada um deles. Estar em formação e ter o
privilégio de participar dos encontros do ConPAS, em Itatiaia ou no CAP, só tem
acrescentado cada dia para minha visão do que é ser professora. E continuamos
na luta...