quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Módulo - Literatura

A primeira aula do módulo de Literatura foi ministrada pelos professorxs Lucia Fernanda e Leandro Tavares.  A aula começa com o professor Leandro lendo para os cursistas um conto africano do livro A Semente que veio da África onde a personagem tem curiosidade de saber o significado de seu nome. Após o leitura foi proposta uma atividade. Cada cursista deveria confeccionar um carimbo que representasse o significado do seu nome ou a sua história. Para concluir a atividade os cursistas falaram sobre o significado de seus nomes e sobre o porquê de terem o recebido.
            Após a atividade, a professora Lucia Fernanda contou outra história para os cursistas, mas dessa vez ela contou com a ajuda de alguns objetos para dar vida a sua história. Com uma saia longa florida e encenando a narrativa com uma boneca, a professora contou a história A menina enterrada viva de Câmara Cascudo. Em seguida, fez da saia um jogo onde os cursistas giravam e sacudiam a saia para fazer o anel pular em cima dela, ao fundo tocava músicas de ciranda, e quando a música parasse a pessoa que estava com o anel deveria entra no meio da roda e recitar um poema, um verso ou até mesmo cantar uma música. Foi um momento muito interativo e muito divertido para todos os cursistas.
Seguindo com a aula, foi realizada a leitura do texto Memória de Livro em grupo. Os professores propuseram aos cursistas que falassem sobre suas memórias de livro, sobre a presença da leitura na infância ou na vida de cada um, em que momento eles tiveram o primeiro contato com a literatura. Muitos falam que o primeiro contato se deu na escola. O cursista Vinicius de Luna falou que seu primeiro contato com livros foi na escola e que tem uma memória ruim porque era sempre obrigado a lê-los para a prova. Além disso, fala sobre a falta de hábito que nós brasileiros temos por não lermos o bastante ou o necessário. O apego aos livros também foi citado, às vezes nos apegamos muito que chegamos a ser egoístas em não querem emprestar e acabamos deixando de compartilhar essa relação com a literatura, além de não incentivar o próximo a ler.
Ainda no momento de compartilhar opiniões sobre o texto, a cursista Márcia da Silva diz que foi muito incentivada por sua madrinha desde pequena e falou de como é importante a simples manuseio do livro para que a criança tenha contato com esse objeto e também do quanto é importante criar uma convivência desde cedo da criança com o livro. Outra fala bem interessante, foi a do cursista Mario Sergio que por ter tido pouco contato com os livros na sua infância sente que perdeu tempo não lendo livros que, geralmente, são lidos nessa fase da vida, e dessa forma, para correr atrás do tempo que perdeu, começa a os ler quando adulto.
Concluindo essa primeira aula, o professor Leandro traz uma questão a ser refletida: “Qual a diferença entre gostar e ter o hábito de ler?”. As pessoas que tem o hábito de ler leem por que faz precisam ler ou por que gostam? E as que não têm esse hábito? Será que gostam de ler ou leem por obrigação? A escola como lugar de aprendizado, deveria estimular mais a leitura e estabelecer com maior frequência o convívio dos alunos com a literatura. Além disso, é importante reconhecer a capacidade de cada aluno, deixando de lado o pensamento de que os livros fáceis devem ser lidos por aqueles que estão começando a aprender a ler.

É importante que a escola estabeleça o contato dos alunos com a literatura, deixando-os livres para escolher e perceber os desafios que a leitura oferece. Com isso, pode-se repensar a pratica em sala de aula e discutir melhor as maneiras de utilizar, não sendo necessário o trabalho com o livro, mas a leitura. Dessa forma, cria-se cada vez mais a interação dos alunos com a literatura.

Por Larissa França.


quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Módulo - Políticas Públicas



     A professora Ana Paula primeiramente se apresentou para os cursistas, dizendo sua formação e linha de pesquisa que, inclusive, está totalmente ligada ao tema do módulo presente.



     Após isso, disse uma frase muito importante para o pontapé inicial da discussão:
     - Nós como professores somos intercalados, todos os dias, constantemente, pela política. Lidamos com isso dentro das salas de aula, nas relações com os alunos...


     Ao dizer essas palavras, Ana Paula deixa claro que, exatamente por isso, existe a necessidade de discutir o tema. Mas, para que a atividade fosse realizada da melhor maneira possível, é importante para ela entender e conhecer o que os cursistas sabem a respeito desse tema.



     Na apostila havia o pedido que eles escrevessem seus conhecimentos sobre Políticas Públicas e, quem se sentisse à vontade, poderia compartilhar com o grupo. Chamou-me a atenção a fala de Andrea que, com segurança, afirmou que alguns termos entram no senso-comum e se tornam palavras corriqueiras que, não necessariamente, entendemos seu significado real. Sinto isso constantemente e acredito que esse foi o motivo pelo qual me tocou. Fala-se tanto em Política, de forma generalizada e sem embasamento crítico e teórico que, de certo modo, influencia na forma como as pessoas lidam com o tema, sem muito envolvimento.



     Ao longo da aula, o grupo de cursistas se mostrou engajado e atualizado com a temática, contribuindo com suas experiências que vêm de diferentes lugares – um dos grandes benefícios do curso, aliás, é essa troca que acontece entre professores da rede municipal e particular de ensino e estudantes da UFRJ, lugares fisicamente e politicamente diferentes.


     Ana Paula aproveitou o momento para dizer que nem tudo que está escrito nos documentos de lei acontecem de fato porque, ao lidar com sujeitos, não temos como prever e comandar suas atitudes, especialmente, porque não temos apenas uma realidade. E esse levantamento, nos faz refletir sobre a Base Nacional Comum.... Será que é pensado que, uma escola no Rio de Janeiro tem a mesma realidade que um escola, por exemplo, em Amazonas?



     A partir disso, se constata que Política é o que está escrito em documento e também a nossa posição em relação a isso. E, mesmo que nesse momento, o objetivo principal do módulo seja pensar nas Políticas Públicas em Educação, uma cursista atentou sobre a importância das Políticas em outras linhas, já que, de certo modo, acaba influenciando em nosso cotidiano escolar. Políticas Públicas ligadas a saúde e aos meios de transporte, por exemplo.



     A segunda parte da aula contou com a presença do professor Fábio que dá aula de Sociologia em uma escola estadual e está terminando o doutorado em Educação na UERJ. Ele visa refletir sobre a democracia/currículo na escola, com base no polêmico projeto “Escola Sem Partido”, por isso, a equipe do Curso julgou a importância de tê-lo como convidado nesse módulo.

     Fábio dialogou, em especial, com uma reportagem que saiu na Folha de São Paulo, cujo título foi “Escolas sem mordaça”, uma pesquisa que afirma que as escolas brasileiras são “templos de doutrinação política” e que, por isso, o Escola sem Partido deve prevalecer. Porém, além dessa afirmação ser extremamente categórica e genérica, Fábio nos propõe a pensar o motivo pelo qual tantas pessoas que não fazem parte do cotidiano escolar tem falado de Educação – a reportagem foi escrita por um economista, aliás. O grupo de cursistas participou demonstrando bastante inquietação com o tema, já que está tão presente em nossas vidas.


Por Letícia Souza

terça-feira, 27 de setembro de 2016

Módulo: Memória I

Aula 4 – 01/09

          Nesse dia retornamos nossas atividades após o recesso olímpico. O módulo memória que será dividido em duas aula foi ministrado pela professora Marina Campos. A professora iniciou o encontro relembrando que a proposta de trabalho final do curso é a elaboração de um memorial. A ideia é que o módulo nos ajude a resgatar memórias, vivências e experiências que auxiliem na feitura desse material.
            Com uma crônicas de Eduardo Galeano, do Livro dos Abraços, começamos a refletir sobre a memória:
A DESMEMÓRIA
“Estou lendo um romance de Louise Erdrich. A certa altura, um bisavô encontra seu bisneto. O bisavô está completamente lelé (seus pensamentos têm a cor da água) e sorri com o mesmo beatífico sorriso de seu bisneto recém-nascido. O bisavô é feliz porque perdeu a memória que tinha. O bisneto é feliz porque não tem, ainda, nenhuma memória. Eis aqui, penso, a felicidade perfeita. Não a quero.” Eduardo Galeano (O Livro dos Abraços)
          A partir disso, a professora desencadeou sua apresentação sobre reflexões da memória. A respeito da tessitura da memória podemos compreendê-la como temporal, porém mesmo que se dê no passado ou no presente, sua importância não está ligada ao tempo. Às vezes temos fortes recordações de momentos antigos (muitas vezes construídos por memórias, histórias, fotos, etc.), porém pouco nos lembramos de um acontecimento da semana passada. Nossas recordações são construídas individual e coletivamente, não tendo como desassociar essa construção uma da outra, e são feitas também a partir de linguagens e narrativas.
          Quanto às memórias sobre a formação docente, parando para refletir conseguimos compreender que elas não se iniciam apenas quando começamos a nos dedicar a profissão. Não é no ensino normal, na pedagogia, na licenciatura ou na primeira aula que damos que temos nossas primeiras memórias sobre nossa formação docente. Elas são construídas por um processo constante, desde antes mesmo de sabermos que nos tornaríamos professores, estão elas presentes em aulas assistidas quando criança, em filmes, em conversas e em diversos processos vividos.
          A memória nos provoca também armadilhas, que dependendo da situação enfatizam situações boas ou não. Às vezes criamos memórias de um passado mais agradável para conviver e recuperamos bons momentos em épocas de crise. A professora Andrea Santos se reconheceu nessa situação e disse ter em sua memória que professor e professora têm três meses de férias, pois como ela tinha todo esse tempo de férias quando era aluna achava que suas professoras também teriam. Por conta disso, ainda pensa que tem todo esse tempo de férias, por mais que não seja assim de fato.
          Nossa memória é feita também através de nossas narrativas, por isso, nós somos o que contamos. Ao contarmos uma história modificamos de acordo com nossas memórias e resignificamos de acordo com nosso olhar, sendo diferente cada vez que contamos. Por isso é importante contar histórias, pois quando falamos estimulamos a memória, os momentos e os reavaliamos, fazendo com que a próxima vez que formos contar seja diferente. Ao contarmos uma história para outra pessoa essa história passa a ser dela também e ela contará de uma forma totalmente diferente, porque carregará seus olhar, suas experiências e seus significados. Por isso, as memórias muitas vezes contestam as histórias oficiais. Para contarmos uma história passamos por um processo de reformação e autoformação da mesma, pois organizamos as ideias. Ouvi-las também gera outra formação do momento real, quando ouvimos uma história criamos uma memória diferente do que talvez realmente de fato ocorreu. Contar histórias evoca passados, pessoas, vivências e experiências.
          O paradigma moderno definiu como válido apenas o conhecimento científico e definiu como esse saber deveria ser expresso: escrito, objetivo, neutro. O cientificismo hierarquizou os saberes, bem como as formas de sua expressão, isso acaba por subalternizar outros meios de saberes que são igualmente importantes e devem ser valorizados. As narrativas docentes, por exemplo, é um conhecimento narrativo passível de ser usado futuramente por outros sujeitos, mas que será modificado, pois é impossível contar a mesma história, porque cada um enfatiza as coisas de maior significado para si.
          Cada vez mais os professores são reconhecidos como protagonistas das mudanças das quais depende a construção de um novo tempo para o magistério, assim surge à perspectiva de formação de profissionais reflexivos e a busca pelo reconhecimento social. A valorização da escrita dos educadores ganhou mais espaço, e se é necessária à reflexão sobre a prática profissional e se escrever favorece o pensamento reflexivo, a produção de textos escritos é ferramenta valiosa na formação de todo profissional.
          Quanto à feitura do memorial, sabemos que na correria do dia a dia há grande dificuldade de paramos para elaborar um registro das nossas práticas. A professora Andrea acredita que os professores estão afastados da prática da escrita, a professora Ilma acrescentou que os professores trabalham com muita cobrança da escola, tendo tanta demanda que não há tempo para escrever sobre suas práticas. Se autoavaliar é produzir, reavaliar e criar significados que não tinham sido avaliados. É necessário exercitar a prática da escrita, pois é assim que ela se aprimora que quebramos o bloqueio.“É na hora de escrever que fico consciente das coisas, das quais, sendo inconsciente, eu antes não sabia que sabia.” C. Lispector
          Reconhecemos o desafio da escrita, que só pode ser desmistificado através da prática. Converter conversas cotidianas – sobre o que pensamos e sentimos em relação ao que vivemos, aprendemos e fazemos – em conteúdo de um tipo de texto privilegiado para essa finalidade: o memorial de formação.
MEMORIAL:
- Escrita de acontecimentos memoráveis (não necessariamente incrível e grandioso, às vezes não é algo que vem instantâneo e temos que pensar muito para lembrar);
- Ao recordar passamos a refletir sobre como compreendemos nossa própria história;
- A memória é uma crítica que avalia nossas ações, ideias e impressões;
- É uma confissão, que apresenta paixões, emoções e sentimentos;
- Registra um processo, uma travessia, uma lembrança refletida de acontecimentos que somos protagonistas;
- O memorial relaciona experiência da vida pessoal com a vida profissional;
- Escrevê-lo nos faz tomar consciência do quanto sabemos e nem sabemos que sabemos;
          Após a discussão sobre a elaboração do memorial foi aberto um momento para os professores e professoras trazerem memórias de vivências que correspondessem a sua formação docente. Seja em sala de aula como aluno ou professor, seja contando história de amigos ou sobre livros já lidos. 
          A professora Andrea logo lembrou do filme “O brilho eterno de uma mente sem lembranças”. Contou-nos que no filme uma parte do cérebro de um personagem é desativada para que ele não lembrasse da ex mulher, e assim fizemos um link com o trecho lido do Eduardo Galeano. O personagem conseguiu o que queria, desativar as memórias dolorosas e negativas sobre a ex mulher, porém assim perdeu as memórias boas e agradáveis também.
            A professora Adriana enfatizou a necessidade de revisitar aquilo que já construímos através da ativação da memória, de recriarmos na nossa cabeça momento que já vivemos.
          A professora Inês diz já ter feitos muitos memoriais ao longo de sua formação docente e acredita que a feitura do memorial é para si própria, não para o outro. Ela escreve coisas que só para ela terá tanto significado, para ela mesma recordar. Como a fala de um aluno de Duque de Caxias que disse que queria que as Olimpíadas fossem aqui no Brasil, aqui na Terra, visto que para ele, mesmo os jogos tendo sido realizados tão próximo ainda era uma realidade muito distante. 
        A professora Gisele nos contou que realizou com seus alunos uma espécie de portfólio que chamavam de “Livro da Vida” com as atividades realizadas pelas crianças ao longo do ano. Disse que sentiu o quanto foi importante para eles, pois eles resgataram suas próprias memórias nesse processo.

Por Isabela Travassos



quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Módulo: Currículo

Aula 3 - 28 de julho

Acompanho o curso “Conversas sobre práticas nas Séries Iniciais do Ensino Fundamental” desde 2014. Já presenciei muitos relatos ricos de experiência e conhecimento que me fizeram voltar para casa pensativa. E, em especial nessa aula, não foi diferente, mesmo tendo um número pequeno de presentes. Acredito que o Currículo despertou ainda mais isso, já que nas edições anteriores não fomos contemplados com esse tema.

  Estamos com um grupo de cursistas muito participativo e entrosado no âmbito político da educação. Com questões importantes a todo vapor em nossa atualidade, esse módulo foi repleto de argumentos e opiniões que, afirmam a todo instante, a necessidade de discutir sobre isso. E, assim, fico feliz por ter tido essa oportunidade e, melhor que isso, fazer parte do grupo que promove essa possibilidade.

 Graça Reis inicialmente comentou sobre a importância dos cotidianos como forma de construção de conhecimento, os quais apresentam múltiplos “espaçostempos” (escola, grupo de amigos, família) que garantem uma circularidade desse conhecimento, já que aprendemos e ensinamos diariamente, de diferentes formas. E, utilizando os estudos de Boaventura de Souza Santos, nenhum conhecimento é mais importante que o outro.

Porém, não necessariamente isso acontece de fato já que, nós educadores que estamos diariamente dentro das escolas, sabemos que nesses espaços há sim critérios de seleção para justificar a presença de certos conhecimentos nas propostas curriculares em detrimento de outros que ficam de fora, como a Graça colocou em seus slides. É a Matemática que é mais fundamental que Artes. É o Português que as crianças e jovens devem aprender melhor do que Sociologia...

Graça nos leva a refletir sobre o conhecimento em geral, mostrando através de seus estudos que todo conhecimento é válido e que a tessitura cotidiana de conhecimentos em rede nos mostra que  TUDO é currículo. 

Assim, de acordo com ela,  "todas as ações desenvolvidas pelos sujeitos das escolas são parte de sua crença sobre os currículos". Desde a arrumação das carteiras até relação dos conteúdos curriculares e como eles servem para a vida real, levando em consideração que as crianças são sujeitos de direitos e cidadãos em nossa sociedade. 


Por Letícia Souza


terça-feira, 2 de agosto de 2016

Módulo: Trabalho e Formação Docente

Aula 2 - 21 de julho

         O módulo Trabalho e Formação Docente foi ministrado pela professora Renata Flores. O encontro começou com a seguinte reflexão: "O que é ser professor a partir da fala das pessoas com quem convivemos ou encontramos no dia a dia?"  Para trabalhar esse assunto, Renata propôs uma atividade. A turma foi dividida em quatro grupos, cada grupo assistiu a um vídeo (cada grupo com vídeos diferentes) e ao final, cada grupo colocaria sua interpretação acerca do assunto de cada vídeo.

O primeiro grupo ficou com uma propaganda que fala sobre a valorização do professor. Esse vídeo é uma produção institucional promovida pelo movimento Todos pela Educação e fala que o condutor de todo conhecimento e conquista é o “bom professor". Para o grupo, o vídeo superdimensiona o professor colocando-o como o responsável por toda a transmissão de conhecimento e por todas as conquistas dos alunos. É ele quem faz tudo e depende dele fazer tudo para o aluno. Um ponto bem importante que entrou no debate foi a expressão, “bom professor”, utilizada no vídeo que enfatiza a qualidade necessária ao professor para ser o transmissor de todo esse conhecimento. Ou seja, além de ter a responsabilidade de ser um transmissor de conhecimento, uma fonte de sabedoria e conduzir o aluno à conquista ele precisar ser bom, e ser “bom professor”.

O segundo grupo ficou com a propaganda “Professores Olímpicos”, do Ministério da Educação. O vídeo compara o professor a um treinador e pede o respeito nas salas de aula. O grupo questionou essa comparação que é um ponto muito importante do vídeo. Podemos comparar o professor com um treinador? Ambos exercem a mesma função? Para o grupo, o vídeo coloca a escola como um centro de treinamento, sendo dela a função de treinar pessoas para serem campeões. Sabemos que em toda competição sempre há um único vencedor, ou seja, numa escola não haveriam campeões e sim, um único campeão. Dessa forma, a propaganda descontrói totalmente o papel e a função do professor e a representação da escola para o aluno.

O vídeo do terceiro grupo foi uma entrevista feita com diversas pessoas de diferentes nacionalidades onde a pergunta feita era: “Quem é o responsável pelo desenvolvimento do país? ”. Todos os entrevistados respondem que essa responsabilidade é do professor. Mais uma vez temos o professor como a base de todo sucesso e vitória de seus alunos. O grupo levanta dois questionamentos: Quais recursos esses países oferecem que não oferecem aqui? E, por que o Brasil é falho? O grupo coloca ainda que somos uma nação que inferioriza muito nossos valores e profissionais, pois sempre achamos que tudo o que está ou vem do exterior é melhor do que é produzido/feito aqui. Essa falta de valorização do professor, ou de outros profissionais, no país, seja financeiramente ou tornando-os incapazes de exercerem suas respectivas funções, faz ser injusta a comparação com essas realidades que são tão distintas.

            O quarto e último grupo ficou com uma reportagem de um telejornal onde o assunto era profissionais da educação que exerciam a profissão sem o diploma. O vídeo fala ainda sobre a reciclagem de professores como um método de capacitação, atualização do professor. O grupo aponta a generalização dos professores feita pelo repórter que apresenta dados informando que a ineficiência de outros profissionais é causada pelo professor, pois essa “carência” de conhecimento começa no Ensino Fundamental, segundo a OAB. 

Todos os vídeos ampliam exageradamente a função do professor e com essas questões e posições debatidas, a professora começa a explicar o porquê desse tema. Renata fala que o tema nasce para ela a partir de uma situação vivida por ela quando passou no concurso do CAp-UFRJ. Renata trabalhava a bastante tempo em uma escola da rede pública e pouco antes do concurso começou a exercer a função de coordenadora da escola. Quando ocorre a sua aprovação, ela comenta sobre sua aprovação e uma de suas colegas de trabalho faz a seguinte pergunta: “Mas você vai voltar para sala de aula? ”

Diante dessa situação que lhe causou um grande estranhamente, Renata começa a pensar sobre que acepção revela essa fala. O que é estar na sala de aula? O lugar de trabalho do professor é dentro da sala de aula, então por que o pronunciamento de um cargo como professora de uma escola causa tanto espanto ? Renata mostra que, de fato, para muitos professores a ascensão da carreira é sair da sala de aula, ou seja, trabalhar como coordenador ou diretor, pois só assim tem-se a ideia de que um professor será bem-sucedido. O problemático disso é que “ser coordenador ou diretor” não deveria ser um cargo confortável, já que não condiz com “ser professor”.

Em seguida, Renata levanta a questão de que a carreira é quem estrutura a profissão docente, mas qual carreira? Que tipo de condição os professores vivem para exercer tal carreira? Alguns fatores como: profissionais que tem a necessidade de trabalhar em duas ou mais escolas, realização de atividades inerentes ao trabalho que não são contadas como carga horária, desvalorização salarial, falta de material para trabalhar com os alunos, desmotivam e não contribuem para a valorização dessa carreira. Muitas vezes os professores se deparam com fundações e empresas que produzem material e até planejamentos, deixando-os presos a esse produto, sem autonomia para exercerem sua função.


Devemos, portanto, ser multiplicadores de reflexões que não estimulem essas ideias. Por mais que ter um planejamento pronto e materiais fornecidos sejam um facilitador, a repercussão que essa facilidade traz é de que o professor é fraco e até ineficiente, o que não é verdade. Por fim, Renata acrescenta que essa desvalorização não é só comum no meio externo, mas também dentro da formação docente. Muitos professores desvalorizam tanto sua carreira como profissão. Como tais profissionais, não se pode absorver esses tipos de posicionamentos para que não sejam refletidos no trabalho. A valorização deve começar por cada professor.

Por Larissa França

quinta-feira, 21 de julho de 2016

Curso Conversas 2016 - Aula Inaugural

Crianças e mídias sociais: desafios para a Escola Básica - Nélia Macedo

Aula 1 - 14 de julho
      A primeira aula do Curso Conversas 2016 foi aberta ao público como de costume. Além dos nossos cursistas e professores dos futuros módulos, estiveram presentes mais umas 20 pessoas, deixando o auditório do CAp bem ocupado. Quem ministrou a aula foi a professora Nélia Macedo do Colégio Pedro II. Nélia concluiu seu Doutorado em Educação em 2014 onde discursou sobre “crianças e redes sociais online” e foi em cima desse tema que se desenvolveu a primeira aula do curso.
      A professora começou a aula com o mesmo ponto de partida da sua tese, nos questionando quem tem Orkut e/ou Facebook (na época em que começou a desenvolver sua tese o Orkut ainda era também bastante utilizado). Ela nos contou que ao perguntar isso numa sala de aula do 1º ano do Ensino Fundamental, onde as crianças mal liam e escreviam, a resposta foi assustadora – grande parte da turma tinha. Desse ponto ela começou a desenvolver sua pesquisa, que desejava compreender como as crianças usam as redes sociais.
      Para compreender como esse processo ocorre, a professora resgatou o passado dessas crianças de hoje. São crianças que já nasceram em contato com redes sociais, diferente da maioria das pessoas que estavam presentes na sala, que só começaram a utilizar as redes sociais depois de jovem. As crianças que nascem nesse contexto, já vivem em rede e adquirem novas formas de sociabilidade, visto que o objetivo dessas redes é criar laços, conhecer pessoas e promover trocas, de informação, conhecimento e comunicação. Pensando nessas crianças que estão já tão imersas nesse contexto, que se identificam e reconhecem nessas redes, a professora nos questionou sobre a diferença da vida “real” e da vida “virtual”. Muitas vezes separamos esses “modos de vida”, porém, porque o virtual não seria real? O virtual também acontece no momento presente, inclusive estamos presentes lá também! 
      Na primeira fase da sua pesquisa a professora muito se baseou no Orkut, – principal rede social da época (2009) – porém, logo depois, em 2011, foi possível notar claramente a migração da maioria dos usuários para o Facebook, rede social que “domina” a internet até hoje. Estando em contato com crianças que muito utilizavam esses redes e tanto falavam sobre, a professora pesquisou o que os dados do CETIC (Centro de Estudos sobre Tecnologia da Informação e da Comunicação) diziam sobre as atividades realizadas por crianças e adolescentes na internet. Os dados analisados foram referentes aos anos de 2009, 2010, 2012, 2013 e 2014. De 2009 a 2013 a pesquisa indicava que o maior índice de uso pelas crianças eram feitos para fins escolares, o que não coincidia com o que os professores presentes acreditavam. Apenas em 2014 que as redes sociais estiveram em primeiro lugar no ranking das atividades, mas será que foi somente em 2014 mesmo que as redes sociais dominaram o uso da internet entre os jovens?
      Nesse momento, a Nélia nos apresentou algumas premissas para a elaboração da sua pesquisa. 1) Dualismo online x off-line (estamos presentes nas redes sociais mesmo quando off-line); 2) Redes sociais como busca pelo outro (por isso a grande quantidade de perfis fakes com diversos fins); 3) O poder de fala das crianças nas redes (horizontalidade); 4) O caráter dialógico e alteritário. A partir disso a professora partiu para a problematização da sua tese, que foi feita através de conversas com crianças na redes – chats e inbox principalmente. Ela nos mostrou diversas conversas que teve com crianças, algumas com alunos, outras com crianças que adicionava aleatoriamente. Após lermos e analisarmos algumas dessas conversas nos questionamos sobre alguns pontos.
      Se tratando especialmente do Facebook, abordamos sobre a questão da faixa etária indicada para a utilização do site. Quando a empresa foi criada era destinada a um público maior de idade, hoje já baixou sua faixa etária para 13 anos. Eles alegam que saber a idade do usuário “ajuda a favorecer a experiência certa”. A questão que nos indagamos é que há muitos usuários que não possuem os 13 anos e mesmo assim fazem uso da rede. Sabendo disso, deveríamos aceitar esse uso, pesquisa-lo e usá-lo como uma ferramenta positiva, em vez de fechar os olhos para esse fato. Debatendo sobre essa questão muito foi falado que as propagandas e ofertas de páginas pela rede estão muito mais associadas as pesquisas feitas pelo computador do que a faixa etária indicada pelo usuário da conta, ou seja, quem o Facebook quer enganar fingindo se preocupar com a experiência dos usuário? Ainda sobre o Facebook, a Renata e a Graça questionaram um ponto interessante sobre a “máscara” que utilizamos nas redes sociais. Quem somos nós nessas redes? Em cada lugar somos um “eu” diferente. Na escola temos um papel, em casa outro e em um momento de lazer outro. No Facebook somos apenas mais um dos tantos “eus” que temos dentro de nós. Lá mostramos apenas o que nos convém.
      Refletindo sobre todas essas questões e considerando o grande uso das redes pelas crianças nos propusemos a questionar que tipo de abordagem a escola pretende ao bloquear os sites que as crianças mais usam na internet. Elas já estão inseridas nesse meio, já fazem o uso dessas redes com grande familiaridade, porque ainda tratar desse tema como um tabu? As redes sociais possuem um grande potencial, podemos utiliza-las como ferramentas positivas para fins escolares, seria interessante justamente pela afinidade que as crianças demonstram. Porém, enquanto isso, o que se vê nas aulas de informática são crianças jogando jogos bobos, que nem elas mesmas veem graça.
      Avançando sobre o processo de pesquisa apresentado pela professora Nélia, ela nos contou que em um certo momento percebeu um erro grave no seu método. As conversas com as crianças estavam se dando de maneira muito maçante por conta de tantas perguntas que ela fazia a eles. Foi quando ela percebeu que para conseguir compreender o “mundo” das crianças na internet ela deveria perguntar menos, ouvir mais e ver onde a conversa iria chegar. A ideia era dar oportunidade para as crianças falarem as coisas que elas acham interessante, possibilitando assim uma aproximação na linguagem. Desse modo, as crianças a apresentaram diversos jogos, que nos rendeu muito debate. Comentamos sobre dois jogos em especial que as professora elegeu como preferido das crianças – it girl e car tonw. Em ambos jogos para que você pudesse crescer/passar de fase/evoluir era necessário ter uma rede de amigos com quem você pode trocar vidas/experiências. Outra opção para um desenvolvimento mais rápido no jogo é pagar por isso. Isso nos prova que o Facebook é uma empresa que nos estimula a estar sempre consumindo, a lógica é: ter muitos amigos, ter muitas curtidas, curtir muitas páginas, trocar mais informações, etc. Na capa de login está a seguinte mensagem “É gratuito e sempre será!”, já parou para pensar que nesse caso nós somos o produto e não o cliente? Quem paga para estar ali é para divulgação, nesse caso, nós somos os consumidores, por isso não pagamos (teoricamente).
      Por fim, a Nélia nos contou sobre uma oficina que está desenvolvendo no Pedro II com o intuito de observar o uso das crianças com as tecnologias de informação. Um espaço para elas usarem e conversarem sobre os sites, jogos e músicas. Parece que até agora as crianças tem se interessado bastante! Finalizando a aula, a Renata afirmou mais uma vez a importância da inserção da internet na escola, já que é uma ferramenta muito utilizada pelos alunos e sugeriu que talvez seja necessário sair do ambiente escola para aprofundar na pesquisa, para que não vejamos as crianças somente como alunos.

Por Isabela Travassos