terça-feira, 8 de setembro de 2015

Curso Conversas: Aula Inaugural com Profª Denise Rezende (CP II)

No dia 3 de setembro começamos oficialmente as aulas do curso "Conversas sobre práticas nas séries iniciais do Ensino Fundamental", e coube a mim a honra de discorrer um pouco sobre a primeira aula da edição desse ano.

A aula inaugural foi ministrada pela professora Denise Rezende, do Colégio Pedro II, com o tema "Mídias, discursos e práticas pedagógicas: uma aposta na autoria docente e discente".
A aula tinha como objetivo discutir as perspectivas dos professores e dos licenciandos, o modo como lidavam com a proposta dessa nova, mas não tão recente, abordagem – que é um pouco distante da realidade de alguns docentes. 
A abordagem em questão era como introduzir no currículo escolar a realidade midiática e todos os processos pelos quais ocorrem as trocas no mundo moderno.

A aula se iniciou com a professora Denise lendo alguns trechos do livro "Perdido no Ciberespaço", do autor Leo Cunha, interpretando o personagem que está inserido em um mundo com inúmeras transformações e informações, uma movimentação que pode confundir os novos visitantes daquele espaço, e tenta se adaptar a esse mundo que pode abarcar vários outros contextos com sua riqueza de linguagens e sinais.

A cibercultura se define como a cultura da interação, das trocas, mudanças... da comunicação em geral. É uma realidade na vida moderna e, consequentemente, cada vez mais se faz presente nas relações humanas, condicionando, muitas vezes, a adaptação para os padrões dessa cultura.

A aula fomentou o debate sobre a inserção desse panorama de interação no currículo escolar das séries iniciais.
É conhecido que muitas crianças já estão familiarizadas e muitas vezes têm mais habilidade com esses novos "brinquedos" digitais do que nós, adultos. A possibilidade de "existência online" é múltipla, e eles podem bater-papo via rede social com um coleguinha que está no mesmo local ou com outro colega que viajou para a Austrália; podem se comunicar através jogos online ou divulgar algum vídeo em que participam de uma apresentação de dança. O fato é que esses aparelhos e programas que "conectam" pessoas à outras podem ser utilizados como ferramenta de trabalho dentro da sala de aula.

A aula apresentou um tratamento justo do tema ao trabalhar em cima de muitos pontos de vista.
Ficou claro, através de exposições de propostas, que a escolha por tais métodos modernos não deve ser feita de modo forçado, como tentativa imediata de equiparar práticas e conseguir a atenção dos alunos sem levar em consideração as especificidades dos casos. Até porque recorrer à tecnologia não garante que a aula cumpra seu papel de educar ou promover interesses.

Considerações diversas sobre as necessidades, benéfices e contradições da aplicação das tecnologias midiáticas foram expressas pelos cursistas – professores e licenciandos – como, por exemplo, o modo como a tecnologia colabora com a interação entre pessoas distantes mas pode "afastar" ou "desconectar" relações próximas e já conhecidas; como a alteração da linguagem e o fluxo desenfreado de informações e trocas contribui para o afastamento; o acesso à conteúdos inapropriados, discursos de ódio e o consumo acrítico das produções disponíveis devido a pluralidade dos discursos etc. Além disso, o distanciamento entre gerações, a falta de habilidade ou até mesmo posições conservadores podem frear a adesão à novos métodos e a necessidade de adaptação.
Entretanto, os benefícios e os trabalhos proveitosos que podem ser pensados com utilização das mídias não foram  ignorados: a possibilidade de horizontalizar as relações, ter acesso a muitas fontes e outras formas de conhecer, a descoberta e o reconhecimento de potencialidades são exemplos que dialogam harmonicamente com a ideia de um currículo que seja construído coletivamente e respeite subjetividades. 
É necessário também se adequar à estrutura de cada escola no que refere a capacidade tecnológica. Caso a escola disponha de sala de informática, fica mais fácil pensar em tarefas e trabalhos que envolvam a criação e manutenção de um blog pelos alunos com a supervisão de um professor, por exemplo.

Enfim, é propício se ajustar ao cenário de aprendizado que a telecnologia oferece.  Também é imprescindível orientar a produção e reprodução dos pensamentos neste sentido, pois tudo pode ser lido e ouvido na mídia, as mais diversas autorias. A "vida real" não deve dissociar-se do ciberespaço; toda manifestação é imbuída de responsabilidade. 
A aula inaugural trabalhou com todas  as questões acima e deixou para avaliarmos a aplicabilidade das mídias na educação básica, as trocas entre docentes e discentes que certamente surgirão com essa proposta e também a responsabilidade do educador sobre os discursos dos alunos. Partindo do princípio que não existe educação neutra, qual papel exercemos na sala de aula e o que queremos que seja retratado para a sociedade atual e do futuro?
Resenhado por Andressa Coelho




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